sábado, 18 de julho de 2015

Que vergonha, nunca tinha assistido... Clube da Luta


Tentei assistir a Clube da Luta (Fight Club, 1999) na época de seu lançamento, quando tinha apenas 14 anos e talvez não estivesse pronto para ele. Admito que fiquei bem confuso e lembro de ter ficado um pouco decepcionado, não conseguindo sequer terminar. Aqui no Brasil a produção  recebeu muita atenção da mídia depois do caso do rapaz que entrou atirando dentro de uma sessão de cinema que exibia o longa, o que gerou discussões sobre como a violência dos filmes influencia as pessoas. Não vi ali motivo para tanto bafafá. O filme era violento sim, mas nada que já não fosse exibido nos jornais mais sensacionalistas da TV aberta. O extinto programa do SBT "Aqui, Agora", me impressionava muito mais, por exemplo. Os anos foram passando e percebi que Clube da Luta tinha uma verdadeira legião de fãs apaixonados, e agora, com 30 anos, decidi dar mais uma chance. 

O filme é bem bom, talvez não tão bom para colocarem no altíssimo patamar onde o colocaram, mas satisfaz. Há muito estilo ali, admito, com seqüências inspiradas e muito bem filmadas (a explosão do apartamento, o delírio da queda do avião e o auto-espancamento na frente do chefe, entre tantas outras, são incríveis) mas na necessidade de se auto-explicar o roteiro não deixa espaço para o expectador pensar e chegar às suas próprias conclusões, o que prejudica bastante o momento da grande revelação perto do final do filme, que seria muito mais impactante se apenas as imagens nos revelassem a reviravolta, ao invés de ter um personagem explicando ela para gente. Isso para mim tirou boa parte da graça.

Tirando esse único porém de um roteiro quase (com ênfase no quase) imaculado, a direção de David Fincher arranca do bom elenco interpretações memoráveis. Os sempre competentes Edward Norton e Helena Bonham Carter se entregam profundamente aos personagens, como esperado, mas o filme pertence mesmo a Brad Pitt. No auge de sua forma, Pitt se firma aqui como um dos grandes atores de sua geração e faz, como poucas vezes antes e depois, cenas de luta carregadas de brutalidade sem se tornarem exageradamente sanguinolentas, tipo um Kill Bill.

Clube da Luta é aquele tipo de filme para ser visto duas vezes e ter experiências completamente diferentes. Devido à já mencionada reviravolta (aquela que o próprio personagem principal meio que estraga a graça) você vai ter que assistir de novo para notar que dicas da revelação estavam ali o tempo todo, mas você não tinha entendido. Se eles tivessem construído a revelação da mesma forma feita em o Sexto Sentido a cena explodiria a cabeça do expectador, uma vez que ele chegou a aquela conclusão sozinho. Colocar isso na boca do personagem é tipo um Coito Interrompido. Foi bom, mas você sabe que tinha potencial para ser muito melhor.